A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) abriu um procedimento oficioso para averiguação da utilização nas redes sociais do Chega de informação manipulada usando imagens da SIC, disse à Lusa fonte oficial.
Trata-se de um vídeo da SIC que o Chega divulgou nas redes sociais em que é apenas utilizada uma parte das imagens da interacção para sugerir que o imigrante mentiu quanto à sua nacionalidade e profissão. Na legendagem que o Chega fez, o homem afirma ser indonésio e pescador, apesar de ter dito aos jornalistas que era nacional do Bangladesh.
O Chega deixa de fora a parte em que André Ventura o questionou directamente se trabalha na pesca e o homem responde que trabalha nas estufas e que ajuda outros imigrantes indonésios, esses sim, pescadores.
Contactada pela Lusa sobre o tema, fonte oficial da ERC “esclarece que o seu Conselho Regulador determinou, no dia 08 de Junho, a abertura de um procedimento oficioso para a averiguação da utilização nas redes sociais do Partido Chega de informação manipulada com a utilização de imagens do órgão de comunicação social SIC”.
A Entidade Reguladora para a Comunicação Social “tornará oportunamente pública a decisão que venha a adoptar sobre este caso”, refere a mesma fonte.
Em 8 de Junho, o Sindicato dos Jornalistas (SJ) lamentou e denunciou “o ataque e calúnia” de que os jornalistas foram alvo nas declarações do presidente do Chega, que considerou serem “profundamente injustas” e demonstrarem “um retrocesso nos valores democráticos”.
Na sexta-feira, o líder do Chega, André Ventura, acusou os jornalistas de serem “inimigos do povo”, recorrendo a uma expressão reiteradamente utilizada pelo antigo Presidente dos Estados Unidos Donald Trump.
Na origem da acusação estiveram perguntas de jornalistas sobre um vídeo colocado nas redes sociais de André Ventura que mostra parte da sua interacção com um imigrante que o abordou na quinta-feira passada numa acção de campanha na Póvoa de Varzim.
Questionado na altura pelos jornalistas, Ventura recusou que o vídeo tenha sido manipulado e insistiu que o homem lhe disse ser da Indonésia e “depois disse que era do Bangladesh”, preferindo virar-se contra a comunicação social, em especial a SIC, classificando como “miserável” o trabalho feito por esta estação televisiva.