Os preços aceleraram em Maio. O Índice de Preços no Consumidor (IPC) superou os 3%, atingindo mais precisamente 3,1%, um nível que não se verificava desde Setembro do ano passado. Os dados divulgados esta sexta-feira confirmam a estimativa do Instituto Nacional de Estatística (INE) no final de Maio, e representam um aumento de 0,9 pontos percentuais face a Abril (2,2%).
A subida de preços acontece depois de dois meses de abrandamento, e é explicada, essencialmente, pelo “efeito de base associado à redução mensal de preços registada em Maio de 2023 (-0,7%), no seguimento da isenção de IVA num conjunto de bens alimentares”, avança o INEque dá ainda conta, mas “em menor grau”, da aceleração de preços dos hotéis. A medida do Governo apelidada de IVA Zero terminou em Janeiro de 2024 (tendo sido aplicada entre Maio e Dezembro de 2023), verificando-se, a partir daí, um aumento final dos preços dos bens abrangidos.
Isso explica a variação do índice relativo aos produtos alimentares não transformados, que aumentou 2,5% (variação nula no mês anterior). Já o índice relativo aos produtos energéticos registou uma variação de 7,8% (em desaceleração face aos 7,9% verificados no mês precedente).
O indicador de inflação subjacente (índice total excluindo produtos alimentares não transformados e energéticos) registou uma variação de 2,7%, acima dos 2% em Abril.
A variação mensal do IPC foi 0,2% (0,5% no mês precedente e -0,7% em Maio de 2023) e a variação média dos últimos doze meses foi 2,6% (valor idêntico ao registado em Abril).
Por classes de despesa e face ao mês anterior, destacam-se os aumentos das taxas de variação homóloga dos bens alimentares e bebidas não alcoólicas e dos restaurantes e hotéis, com variações de 3,4% e 5,9%, respectivamente (0,3% e 4,3% no mês anterior). Em sentido oposto, assinalam-se as diminuições das taxas de variação homóloga dos acessórios, equipamento doméstico e manutenção corrente da habitação, e do lazer, recreação e cultura, com variações de -2,4% e -0,2%, respectivamente (-1,9% e 0,5% em Abril).
O Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) português, indicador utilizado na comparação com outros países da União Europeia, também registou uma forte aceleração, ao apresentar uma variação homóloga de 3,8%, valor superior em 1,5 pontos percentuais ao registado no mês anterior, e 1,2 pontos acima do valor estimado pelo Eurostat para a área do euro, quando, em Abril, a taxa em Portugal tinha sido inferior à da zona euro em 0,1 pontos percentuais.
“Excluindo produtos alimentares não transformados e energéticos, o IHPC em Portugal atingiu uma variação homóloga de 3,6% em Maio (2,1% em Abril), superior à taxa correspondente para a área do euro (estimada em 2,9%)”, avança o INE.
Ó IHPC registou, assim, uma variação mensal de 1% (1,1% no mês anterior e -0,4% em Maio de 2023), e uma variação média dos últimos doze meses de 3,3% (3,5% no mês precedente).
“A aceleração do IHPC português foi significativamente superior à registada no IPC em consequência do aumento de preços registado na classe dos restaurantes e hotéis, cujo ponderador é mais elevado no IHPC que no IPC”, explica o INE.
Preços acima de 2021
A isenção de IVA, que abrangeu um conjunto de 46 tipologias de bens entre Maio a Dezembro de 2023, destinou-se a compensar as famílias pelo forte aumento dos preços ao longo de 2022, resultando daí, uma redução de 0,7% em Maio de 2023, factor que explica a forte aceleração da variações registada no mês passado.
Contudo, refere o organismo, “o nível médio dos preços tem-se mantido superior ao de 2021, registando-se, em Maio de 2024, um nível médio de preços superior em 15,8% ao de 2021”. “Para que o nível de preços regressasse a valores comparáveis aos de 2021, teria de se verificar um período com taxas de variação homóloga negativas”, explica o INE.
Precisamente nos bens alimentares e bebidas não alcoólicas, a redução de preços registada em Maio de 2024 (-0,1%) foi significativamente inferior à que se verificou um ano antes (-3,1%), resultando assim num aumento da respectiva variação homóloga de 0,3% em Abril para 3,4% em Maio. “Os preços desta categoria situam-se 27,2% acima do nível médio de preços de 2021”, acrescenta o INE.
Em relação aos produtos energéticos, comparando com o mês anterior, registou-se uma diminuição de preços de 1,8%, ligeiramente superior à registada em Abril de 2023, o que determinou uma redução de 0,1 pontos percentuais na variação homóloga deste agregado. Os preços em Maio fixaram-se 14,1% acima do nível médio de 2021 e 7,8% acima do que se verificou em Maio do ano anterior.