Em Outubro de 2023, a Citroën prometeu aliar conforto a um dos preços mais competitivos no mercado do segmento eléctrico. Seis meses depois e com um teste de estrada feito, estamos em condições de dizer que o novo ë-C3 cumpre com o prometido. A versão de entrada do primeiro porta traseira do segmento B totalmente eléctrico da marca gaulesa começa nos 23.300 euros, existindo também uma versão do popular modelo com motor de combustão interna — da qual falaremos mais à frente.
Olhemos primeiro para o modelo eléctrico: nos primeiros momentos, após a entrada no carro, o espaço do habitáculo é o tema que arranca o debate. O salto na altura, comprimento e largura do carro é notório face à versão anterior do C3, com espaço de pernas de sobra para o pendura e passageiros no banco traseiro — essencial para reduzir o desconforto das viagens mais longas. Os assentos têm também uma camada de espuma adicional, contribuindo assim para uma viagem mais confortável.
O novo ë-C3 é composto por dois níveis de equipamento: a versão You (23.300 euros) e a Max (27.800 euros). A principal diferença prende-se com a incorporação de um ecrã táctil central de dez polegadas na versão mais cara, enquanto no modelo You o carro traz apenas um suporte para o telemóvel. Depois de instalada uma aplicação, o condutor poderá operar a partir desse aparelho todo o sistema de entretenimento da viatura. A versão Max está ainda equipada com um sistema de carregamento sem fios, câmara traseira de estacionamento e a espuma acima mencionada nos assentos.
O interior do carro é marcado pela simplicidade, sendo de destacar a ausência de um painel de instrumentos tradicional. Em vez disso, os modelos C3 trazem uma secção preta horizontal, com toda a informação necessária durante a viagem, o sistema Citroën Head Up Display. Situada entre o painel de bordo e o início do pára-brisas, a posição desta barra permite aceder a todas as informações sem que seja necessário tirar os olhos da estrada.
O sistema de suspensão foi outro dos pontos bem conseguidos no ë-C3. Na apresentação deste modelo, a Citroën comparou a experiência de condução a uma viagem “num tapete mágico”, tudo graças ao sistema de suspensão Advanced Comfort, com duplo batente hidráulico progressivo. É verdade que não chegámos a encontrar Aladino nem o génio mágico durante os testes, mas a neutralização das irregularidades da estrada é notória e um dos factores que mais contribui para o conforto da condução. No interior do habitáculo, mesmo a maiores velocidades, o incómodo provocado por buracos, lombas e afins foi mínimo.
Desenhado para deslocações urbanas e não para a desempenhoo novo ë-C3 só peca na potência. O carro da Citroën tem um motor eléctrico de 83 kW (113cv), acelerando dos 0 aos 100 km/h em 11 segundos, com uma limitação de velocidade máxima de 135 km/h. O ë-C3 vem equipado com uma bateria de fosfato de ferro e lítio (LFP), de 44 kWh, e oferece uma autonomia máxima de 320 quilómetros, segundo o ciclo WLTP. Em modo de recarga rápida (em corrente contínua) de 100 kW, a marca diz que o carro pode ser carregado de 20 a 80% em 26 minutos. Se falarmos de carregamentos em corrente alternada, com potência de 11 kw, o tempo de espera aumenta para as 2h50 — ou para as 4h10 se for carregado a um máximo de 7 kW.
No percurso de teste, com cerca de 160 quilómetros, o ë-C3 apresentou um consumo de 14,0 kWh/100km, inferior à projecção de 17 kWh/100 apontada pela marca. No momento de entrega das chaves, a bateria estava ainda com 52% de carga, em linha com os consumos anunciados pela Citroën.
Além desta fornada, a marca de carros já anunciou para 2025 uma variante ainda mais barata deste eléctrico. O novo carro terá uma autonomia a rondar os 200 quilómetros e custará 19.990 euros.
C3 com 700 encomendas
Em pouco mais de duas décadas, o modelo C3 assumiu-se como o Citroën mais vendido de sempre, com mais de 5,6 milhões de unidades vendidas. Os reforços do icónico alinhamento chegam apenas ao mercado português este Verão, mas a Citroën já recebeu cerca de 700 pré-encomendas. Deste número, 480 (aproximadamente 69%) são reservas para o carro eléctrico, enquanto as restantes dizem respeito ao modelo com motor de combustão interna que a marca também disponibilizará.
No caso dos modelos a gasolina, o preço arranca nos 14.990 euros para a gama You e sobe para os 19.200 euros com o mais equipado Max. Tivemos também oportunidade de experimentar este modelo na Áustria: o interior é idêntico ao da versão eléctrica, com a diferença a assentar apenas na motorização. O C3 a combustão possui um motor a gasolina de 1.2, com três cilindros e 100cv, com uma caixa manual de seis velocidades ágil e que permite uma transição suave entre mudanças.
No caso do percurso feito com este modelo, após cerca de 100 quilómetros, o carro registou um consumo de cinco litros, também abaixo dos 5,6 litros projectado pela Citroën para este tipo de trajecto.
O alinhamento C3 ficará completo no final do ano, com a abertura de encomendas para a versão híbrida. Este carro incorpora o Hybrid 100, motor a gasolina tricilíndrico e sistema híbrido de 48V, a debitar 100cv. Há ainda a estreia de uma nova caixa de velocidades electrificada de dupla embraiagem, a ë-DCS6, que integra um motor eléctrico de 21 kW. A marca projecta que até 50% das deslocações urbanas sejam relacionadas em modo eléctrico, factor que, garante, reduzirá a pegada ambiental.