Cabrita e o excesso de velocidade
A Relação decidiu: Eduardo Cabrita (E.C.) e o seu chefe de segurança Nuno Dias (N.D.) não têm qualquer responsabilidade no excesso de velocidade a que o ministro seguia. E.C. não tem responsabilidade porque não tinha noção da velocidade a que o seu carro seguia; parece-me plausível, dado que E.C. também não mostrou noção noutros assuntos, noutras ocasiões, durante o seu mandato. Mas o seu chefe de segurança, que seguia noutra viatura, para fazer a segurança do ministro, também não tinha noção da velocidade a que seguia o carro do ministro? Isto só seria possível se o chefe de segurança também não tivesse noção da velocidade a que ele próprio seguia, para acompanhar o ministro a 165 km/h. Já é muita falta de noção. A não ser que… o chefe de segurança seguisse de facto noutra viatura – mas dentro do limite máximo dos 120km, claro! – e não tivesse sequer visto o acidente porque quando o ministro estava em Évora ele ainda estava a sair de Lisboa…
Fernando Vieira, Lisboa
Como resolver a falta de habitação?
É fácil. Só em Lisboa, existem muitos milhares de casas devolutas, do sector público e do privado. O problema resolve-se a curto prazo com duas ou três medidas acertadas, a saber: 1.º: aprovar lei que permita despejar o inquilino que deixe de pagar a renda no prazo máximo de 60 dias, seja qual for a razão; aos insolventes pertence ao Estado resolver o problema e não a quem paga impostos e comprou ou construiu a casa; 2.º: aprovar lei que obrigue o inquilino a deixar a casa no estado em que lhe foi entregue, excepto com os danos resultantes do seu uso normal; 3.º: acabar com a burocracia, taxas e taxinhas quando alguém pretende recuperar um andar ou prédio ou até construir; 4.º: pôr o país a trabalhar e as pessoas a ganhar o suficiente para fazer face a uma vida digna, que inclui a possibilidade de pagar a renda. Não se deve dar o peixe, mas dar a cana e ensinar a pescar.
Guilherme da Conceição Duarte, Vale Cabeiro
Ainda e sempre as escutas telefónicas
Independentemente da pessoa envolvida, a divulgação de escutas telefónicas obtidas, ou compradas, de forma ilícita é crime e por isso a CNN tem de ser condenada. Não pode valer tudo e muitos meios de comunicação ultrapassam os limites da legalidade agindo de uma forma repugnante. O MP tem de investigar quem forneceu as escutas à CNN e se o fez por ordem de alguém. A justiça em Portugal está muito mal e por isso é lamentável que só muito poucos queiram mudar o que está péssimo. Este crime praticado pela CNN tem de ser punido de forma impiedosa para que o flagelo da divulgação de escutas e de documentos confidenciais acabe de vez nos meios de comunicação social portuguesa. Haverá coragem para tal?
Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora
A lamentável divulgação de escutas
As escutas telefónicas por autoridades judiciais e ou policiais interferem, queiramos ou não, no sagrado direito à privacidade, no direito à preservação da vida pessoal; interferência altamente preocupante quando activada com a facilidade e a ligeireza que se verifica na generalidade dos países com meios tecnológicos para o efeito, como é o caso do nosso. Mas o pior de tudo nesta matéria é a prática das autoridades judiciais e policiais no sentido de disponibilizarem as escutas às redes sociais e aos jornais e televisões, sendo que as primeiras divulgam-nas de imediato e alguma comunicação social também procede da mesma forma em função de interesses obscuros, em todos os casos com total desrespeito por direitos fundamentais dos cidadãos e com nítidos intuitos de perturbação da democracia, que tanto custou aos portugueses conquistar.
Como é triste para qualquer português olhar para os seus órgãos judiciais e policiais como “traficantes” de informação por motivos inconfessáveis, sejam o dinheiro ou outros, bem como assistir à decadência vertiginosa de canais televisivos e respectivos pivôs e jornalistas pela divulgação. Tudo isto está a contribuir para o deslizar de Portugal para um qualquer Quarto Mundo. Há que travar tão repugnante e criminoso contributo enquanto for tempo.
Elder Fernandes, Lisboa