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Palcos da semana: vamos ao circo com António e a liberdade

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Palcos da semana: vamos ao circo com António e a liberdade

Para lá de Marrocos

O Festival Med convida para “90 horas de música, 54 concertos e 378 músicos de 31 países” – um número recorde de nacionalidades representadas no caldeirão de culturas que anualmente se misturam e contagiam no centro histórico de Loulé. Mas há um que sobressai.

Esta edição, especial por ser a 20.ª, traz como novidade a escolha de um país convidado. A honra é feita a Marrocos, quer através de um soukda gastronomia, do artesanato e do cinema, quer por via da música. A principal representante é Oum, que volta ao festival algarvio no momento em que tem em mãos Dakchiálbum gravado ao vivo em Marraquexe.

Encabeça um cartaz em que também alinham Acácia Maior, Afrotronix, Anthony B, Ballaké Sissoko, Cara de Espelho, Cristina Branco, Dubioza Kolektiv, Kumbia Boruka, Puuluup, Rita Vian, Roberto Fonseca, Tito Paris e Throes + The Shine, entre muitos outros.

Com o Trengo à solta

Ainda a recompor-se do São João (“não há tempo para ressacas!”, alvitra a organizadora Erva Daninha), o Porto acorda para o festival de circo que ocupa teatros, jardins e bairros com os seus artistas orgulhosamente “trengos” (ou “desajeitados”, para quem desconhece a gíria) – artistas que, na verdade, são organizados, precisos e, no seu conjunto, reveladores da riqueza que estas artes contêm.

Dos malabares tradicionais até aos equilibristas de arrojo contemporâneo, passando pelo trapézio, o palhaço e a música, a nona edição do Trengo compreende 24 apresentações, correspondentes a 13 espectáculos.

Tematicamente, é atravessada pela ideia de liberdade – e por uma homenagem-dívida ao papel da mulher no 25 de Abril – que se manifesta, por exemplo, na “luta absurda” de Resisteda companhia francesa Les Filles du Renard Pâle; no corpo em suspensão de Matmo, do panamenho La Tribu Performance; oh não Pó de Pedra com que Daniel Seabra trata conceitos como democracia ou resistência.

António e seus humores

O preservativo no nariz do Papa. Uma coroa de foices e martelos na cabeça de Saramago. Trump cego a levar um Netanyahu-guia pela trela. E aqui ficaríamos longas horas a referir desenhos animados desenhados por António Moreira Antunes, só António para os amigos e para todos. Já lá vão umas boas e produtivas décadas desde aquele mês de Março de 1974 em que publicou o primeiro desenho.

A brincadeira tornou-se coisa séria, multipremiada, não raras vezes polémica e até (ar)riscada. Acontece que “o desenho animado sem irreverência não é coisa nenhuma”, crê o autor, citado pela nota de imprensa de António – 50 Anos de Humoresa retrospectiva que Vila Franca de Xira, a terra que o viu nascer em 1953 (e onde é comissário do Cartoon Xira), tem a liberdade de lhe dedicar.

Tão intemporal como a liberdade

À 32.ª edição, o Cistermúsica torna-se tão Intemporal como a obra de Joly Braga Santos, Gabriel Fauré, Gustav Holst, Arnold Schönberg, Anton Bruckner e Giacomo Puccini, compositores com efemérides assinaladas no programa. Junta-se outra, a do cinquentenário do 25 de Abril, e fica dado o tom ao festival.

Serão mais de 40 concertos, com epicentro no mosteiro de Alcobaça. É na sua nave central que se ouve o concerto de abertura, em que a Orquestra Melleo Harmonia e o Coro Ricercare interpretam o Réquiem de Fauré. Já o Claustro do Rachadouro é palco, por exemplo, do espectáculo Errantede Adriana Calcanhotto. É ela a figura mais sonante de Outros Mundoso segmento que foge a um cartaz dominado pela música clássica e no qual também entra o espectáculo da plataforma Dança em Diálogos Requiem – A Única Censura Que Deveria Existir É Censurar a Censura.

Que se levantem os dias

Também o São Carlos faz eco (lírico) do cinquentenário do 25 de Abril. Ao palco do teatro lisboeta regressa, em versão de concerto, a ópera Os Dias Levantados. Com música de António Pinho Vargas – para quem “foi maravilhoso e inesquecível” compor em “defesa da impureza e da liberdade no processo criativo”, refere a nota de imprensa –, tem libreto de Manuel Gusmão e estreou-se ali mesmo, em 1998.

Agora, sob a direcção musical de Pedro Amaral, é lembrada pela Orquestra Sinfónica Portuguesa, o Coro do Teatro Nacional de São Carlos e um elenco vocal composto por Eduarda Melo, Sara Braga, Sílvia Sequeira, Rui Vieira, Leonel Pinheiro, Jorge Vaz de Carvalho, José Corvelo e Luís Rodrigues.

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