O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, acusou Israel de espalhar desinformação sobre a guerra na Faixa de Gaza numa conferência de imprensa realizada esta segunda-feira.
“Ouvi muitas vezes a mesma fonte dizer que nunca ataquei o Hamas, que nunca condenei o Hamas, que sou apoiante do Hamas”, referiu Guterres, sem nomear directamente Israel.
“Condenei o Hamas 102 vezes, 51 das quais em discursos formais e as restantes em diferentes plataformas sociais”, disse ainda o secretário-geral da ONU, tendo acrescentado que “a verdade, no fim, ganha sempre”.
Apesar de nunca mencionar directamente Israel, as declarações de Guterres são uma resposta clara às acusações israelitas de que as Nações Unidas estariam em conluio com o Hamas, organização islamista que governa a Faixa de Gaza.
O embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, afirmou que as acusações de Guterres eram somente “palavras vazias quando comparadas com as suas acções”.
“O seu único objectivo tem sido o de ajudar o Hamas a sobreviver a esta guerra. Consideramos desprezível que o secretário-geral se recuse a respeitar as normas da ONU e dê uma imagem distorcida dos acontecimentos no terreno”, afirmou Erdan, tendo acusado ainda António Guterres de ser “cúmplice do terrorismo”.
As relações entre Israel e as Nações Unidas têm vindo a deteriorar-se depois de terem sido tecidas várias acusações contra a organização e as agências face à sua posição sobre a guerra em Gaza.
A UNRWA, agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos, tem sido o principal alvo das acusações e ataques dentro e fora da Faixa de Gaza.
O director da agência Philippe Lazzarini afirmou que existem “poucas notícias positivas” sobre a situação humanitária em Gaza causada pela guerra e subsequente invasão militar israelita.
Numa conferência de imprensa na segunda-feira, Lazzarini afirmou que a chegada de ajuda tem sido limitada devido ao saqueamento de camiões e do número diminuto de passagens fronteiriças abertas à entrada de ajuda humanitária.
“Somos confrontados com um colapso quase total da lei e da ordem. Os camionistas são regularmente ameaçados e agredidos e há cada vez menos pessoas dispostas a transportar a assistência da fronteira para os nossos armazéns”, afirmou, denunciando o ataque a 190 instalações da UNRWA.