O fundador do WikiLeaksJulian Assange, apresentou-se ao início da madrugada desta quarta-feira (hora portuguesa) no tribunal federal da ilha Saipan, no arquipélago das Ilhas Marianas do Norte, para se declarar culpado da acusação de ter violado a lei de espionagem dos EUA e, assim, cumprir o acordo que lhe devolverá a liberdade.
Segundo o jornal britânico O guardiãoAssange teve oportunidade de confirmar à juíza Ramona Villagomez Manglona que leu “extensivamente” e assinou o acordo de confissão enquanto ainda estava no aeroporto londrino de Stansted e respondeu negativamente a todas as perguntas que a magistrada lhe fez sobre se alguém o tentara “subornar, intimidar ou coagir” para assumir a culpa.
A juíza insistiu e perguntou ao australiano se estava a declarar-se culpado por ser, de facto, culpado da acusação que lhe é imputada. Ainda de acordo com o jornal, Assange fez uma pausa longa e respondeu: “Sou.”
Durante a audiência, que esteve interrompida por volta das 2h, os procuradores presentes leram em detalhe algumas das informações que foram partilhadas pela Wikileaksfundada por Assange, e que seriam relevantes para a sentença e a juíza aceitou a confissão, declarando o réu “culpado”.
“Assoberbado”, diz Stella
“O Julian chegou ao tribunal federal em Saipan. Eu assisti ao momento em que ele passou pela confusão de jornalistas que o esperavam, após anos de privação sensorial entre as quatro paredes da sua cela de alta segurança na prisão de Belmarsh, e pensei no quanto ele deve estar assoberbado”, escreveu a mulher, Stella Assange, na rede social X, pouco depois de o marido ter chegado àquele território insular americano.
Julian chegou ao tribunal federal em Saipan.
Observo isso e penso em como seus sentidos devem estar sobrecarregados, atravessando a confusão da imprensa depois de anos de depravação sensorial e as quatro paredes de sua cela de alta segurança na prisão de Belmarsh.
-Stella Assange #FreeAssangeNOW (@Stella_Assange) 25 de junho de 2024
A audiência do fundador da WikiLeaks estava marcada para as 9h locais (meia-noite em Portugal continental) e começou pouco depois. Assange assumiu o compromisso de se declarar culpado perante um juiz federal norte-americano, que, por sua vez, deverá condená-lo a cinco anos de prisão e considerá-los cumpridos, deixando o australiano de 52 anos, oficialmente, em liberdade.
À hora da última actualização deste texto, a sentença ainda não tinha sido proferida, mas esperava-se que Assange pudesse receber de imediato autorização para seguir para casa, na Austrália, completando um périplo que começou na prisão de alta segurança de Belmarsh, no Sudeste de Londres, passando pelo Aeroporto de Stansted, de onde voou para Banguecoque, antes de chegar à remota ilha norte-americana de Saipan, no Pacífico Ocidental.
Assange aterrou em Saipan por volta das 6h locais (21h em Portugal continental), a bordo de um jacto privado que fretou para completar o acordo que assinou ainda na prisão, no Reino Unido. À chegada à ilha, seguiu de imediato para a audiência, esquivando-se da imprensa que o aguardava no aeroporto e à porta do tribunal.
Antes de entrar no tribunal, acompanhado pela sua equipa e pelo embaixador da Austrália dos EUA (Kevin Rudd), Assange foi interpelado pelos jornalistas que insistiram em fazer perguntas, mas recusou fazer comentários. Depois de sair do SUV branco que o transportou, limitou-se a dirigir-se à porta principal do tribunal, passando depois pelos raios-x.
Por volta das 00h30, hora de Lisboa, a WikiLeaks partilhou uma mensagem no X, na qual se lia que é esperado que “Julian Assange descole, dentro de duas horas e 58 minutos [ou seja, por volta das 3h30 da manhã]rumo a Camberra, no voo VJT199”. Nessa publicação está também disponível o link através do qual será possível seguir o avião.
*A notícia esteve em actualização até às 2h30, hora de Lisboa.
A partida está prevista para 2 horas e 58 minutos. Para Camberra, Austrália.
Voo VJT199 #AssangeJet: pic.twitter.com/t239sHob7Q
-WikiLeaks (@wikileaks) 25 de junho de 2024
