António Guterres
Há frases que pelo seu conteúdo, oportunidade e simbolismo, sendo portadoras da verdade dos factos, ficam esculpidas na história e repetidas até à exaustão acabam por se tornar intemporais.
Quando um dia, que desejamos seja o mais breve possível, a poeira assentar na martirizada Palestina, o fumo das bombas mortíferas e assassinas se dissipar para que o azul dos céus e a luz do sol volte a alumiar o pensamento e a justiça dos homens, a corajosa frase de António Guterres, igualzinha ao lamento de Galileu no tribunal da impiedosa Inquisição, voltará a aturdir os nossos ouvidos e arrepiar os corações. É que os bárbaros actos praticados em 7 de Outubro de 2023 ” não aconteceram do nada” e um povo que há meio século se vê despojado de suas terras e casas, sufocado e humilhado por pressões que lhe destroem a esperança e o futuro, sem armas mas com raiva, pode desaguar na loucura incontrolável.
A rara coragem, fina inteligência e exemplar humildade com que Guterres tem desempenhado funções nas Nações Unidas ficarão na história, ainda que no calor e fúria dos combates haja gente a pedir a sua “imediata demissão”. Portugal ficará honrado e o mundo ganhará um ícone.
José Manuel Pavão, Porto
A falta de medicamentos
País estranho este, Portugal. Enquanto os políticos nos dizem que é necessário o progresso, o desenvolvimento, o crescimento da economia, o bem-estar das famílias, blá, blá, blá, na área da saúde, por exemplo, vamos de mal a pior. A marcação de consultas piorou, o SNS vai-se deteriorando e afundando e a falta de medicamentos começa a ser preocupante.
Dirigi-me a uma farmácia (a várias) e o medicamento Ulcermin 1000 mg/5 ml, suspensão oral, já falta há meses no mercado. O mesmo sucede, agora, com os comprimidos Ulcermin Sulfacrato 1g. O que se passa? As farmácias não sabem a razão do porquê da falta deste medicamento (e de outros), nem dão explicações. Ninguém informa, ninguém sabe nada. Entretanto quem vai às compras verifica que os bens alimentares continuam a subir, paulatinamente, mês após mês. Como a gasolina e o gasóleo. Será a guerra da Ucrânia que está a provocar a falta de medicamentos, o aumento constante dos combustíveis líquidos e os aumentos constantes de variados bens de primeira necessidade? Os especialistasos economistas, os políticos profissionais que nos expliquem.
António Cândido Miguéis, Vila Real
Eu acuso!
Leio, ouço e vejo o ridículo drama à volta das gémeas brasileiras. E ninguém condena o preço do medicamento? Como é possível custar tanto?! Até onde chega a inteligência satânica do capitalismo selvagem. Acuso o silêncio da nossa civilização ocidental, anestesiada perante este crime contra a Humanidade.
António do Carmo Reis, Fajozes
Mais um
O concidadão Nuno Rebelo de Sousa, a viver no Brasil, concorda ou ‘faz o favor’ de ‘ser ouvido’ pela CPI – comissão parlamentar de inquérito – da Assembleia da República, mas avisou que vai ‘remeter-se ao silêncio’, como é apanágio dos mesmos ‘faunos’ que são ‘semiapanhados’ nas malhas da Justiça portuguesa. Como é possível alguém ser ouvido se não falar?
Este e outros caricatos procedimentos são uma ardilosa panaceia judicial, onde os que deviam falar não falam, e os que falam põem somente ‘a boca na botija’, que nada acrescenta, porque os advogados/juízes são uma espécie de detergente que tudo lava mais branco, outorgando-lhes sempre a bula da inocência, uma vez que os honorários são quase sempre uma ‘pipa de massa’ para o comum dos mortais.
José Amaral, Vila Nova de Gaia
As mães
Daniela Martins, a mãe das gémeas brasileiras, mentiu e omitiu na comissão parlamentar de inquérito. Quando se pede transparência e verdade na sociedade portuguesa, Daniela Martins foi glorificada por tudo ter feito para salvar a vida das suas filhas, mesmo que tenha pisado a vez de outros utentes. Salvar a vida dos filhos é dever de mãe. E as mães portuguesas que não têm cunhas para cuidar dos seus filhos não sobem ao pedestal da glória? Os seus nomes não são mencionados? É desonesto usar André Ventura para branquear o comportamento de Daniela Martins. Resumindo: a mãe sai em glória da situação, Nuno Rebelo de Sousa resguarda-se no silêncio e as mães sem cunhas vão continuar a sê-lo.
Ademar Costa, Póvoa de Varzim