Auscultadores nos ouvidos, corpo deitado sobre o casaco impermeável oferecido minutos antes e estendido no chão da floresta. Assim estamos todos, e somos, seguramente, mais de 100. Todos ignorando-nos mutuamente por minutos; focando-nos apenas nos cheiros, nos ventos, nas sensações potencialmente desagradáveis (que criatura viscosa e deslizante é esta que parece ter acabado de estabelecer contacto com o nosso braço desprevenido?), naquilo que nos é dado a ouvir. Uma conversa gravada entre uma criança, uma cantora, um guarda-florestal, um meteorólogo e uma psicanalista. Colocam perguntas uns aos outros sobre aquilo que fazem (quando a curiosidade insaciável de uma criança consta da equação, dificilmente conseguimos ver o fundo do baú de questões), trocam considerações sobre a paisagem (o sítio onde estamos agora é o mesmo onde estas pessoas já se deitaram para conversar).
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