Com um triunfo (2-0) sobre a Dinamarca, Alemanha avança para os quartos-de-final do Euro, ficando a aguardar impacientemente pelo vencedor do Espanha-Geórgia. Um penálti de Kai Havertz (53′) e uma cavalgada de Musiala (69′) decidiram o segundo jogo dos “oitavos” a favor da selecção anfitriã, que assim “vingou” a final do Euro 1992.
A Alemanha entrou com pressa de carimbar a passagem aos quartos-de-final, encostando a Dinamarca às cordas com uma sucessão de investidas que, em sete minutos, poderiam ter mexido duas vezes no marcador. Avisada, a selecção escandinava erigiu um muro, inspirado na famosa parede amarela do Iduna Park.
Kasper Hjulmand não teve pejo em destacar uma linha de cinco defesas, protegida por um médio (Delaney) que policiava toda a zona frontal da área. Apesar do ferrolho, a Alemanha só não marcou porque Kasper Schmeichel blindou literalmente a baliza aos golpes de Havertz e Kimmich. E quando o filho do gigante Peter Schmeichel não agarrou a bola de Schlotterbeck, o árbitro anulou o golo por acção “subversiva” de Kimmich.
O tempo estava instável e a tempestade anunciada pela meteorologia chegou a poucos minutos do intervalo para interromper de forma brusca, mas oportuna para os anfitriões, a melhor fase da Dinamarca, que, entretanto, emergira incólume da amálgama deixada pela passagem do “panzer” de Nagelsmann.
Eriksen era o cérebro e o coração da sublevação, que só não virou o jogo do avesso porque Mahele não teve a perícia necessária para ferir os alemães. Com a temperatura do jogo a atingir níveis perigosos, as equipas pararam para hidratar, o que os deuses resolveram de forma desproporcional, descarregando uma bátega que levou toda a gente para os balneários, interrompendo o jogo por 25 minutos. Fechados os céus, com os relâmpagos e os trovões a seguirem para outras paragens, o jogo voltou com três descargas eléctricas que podiam ter mudado a face da partida.
Havertz ameaçou mais uma vez, com Schmeichel a corresponder, dando a Manuel Neuer, na baliza contrária, a oportunidade de brilhar no dia em que suplantou a marca de Schweinsteiger, assumindo-se como o jogador alemão com mais jogos (19) em fases finais de Campeonatos da Europa. Neuer puxou dos galões e negou o golo a Hojlund, que instantes antes já tinha ameaçado com disparo às malhas laterais. Mais uma vez, Eriksen na génese do lance, com Delaney a libertar-se para isolar o avançado, a quem Neuer negou a felicidade suprema.
Mas a Dinamarca tinha mais trunfos escondidos na manga. Um truque que só não resultou na perfeição porque o golo de Andersen (50’) estava ferido de ilegalidade, como mostrou o VAR. A Alemanha precisava de inspirar-se na nossa Maria da Fonte para tocar a reunir e travar a ameaça nórdica.
Suprema ironia do destino, o mesmo Andersen a quem tinha sido anulado o golo dinamarquês tocou com a mão na bola após cruzamento de Raum. O lasca alertou o VAR e a Alemanha beneficiou de um penálti que Havertz não perdoou. O avançado do Arsenal até podia ter bisado logo a seguir, mas não encontrou o ângulo ideal e a bola contornou o poste, alimentando a incerteza por mais uns instantes.
Havertz voltou a estar perto de bisar, mas acabaria por ser Musiala a dissipar as dúvidas e a ampliar a vantagem, voltando ao topo dos goleadores, a par do georgiano Mikautadze, com três golos no torneio. O triunfo da Alemanha precisava apenas do carimbo oficial, que a Dinamarca ainda tentou evitar com argumentos válidos mas insuficientes para expulsar a “equipe” do seu próprio Europeu.