Professora há 40 anos
Sou professora há 40 anos. Tenho 60 anos. Vou a caminho da 3.ª geração. Comecei a dar aulas num tempo em que a escola era considerada um pilar fundamental para a evolução do país, os professores reconhecidos e respeitados por toda a comunidade, a carreira dignificada. Estava na escola, quando se estabeleceram diplomas tão importantes para os alunos como a Lei de Bases do Sistema Educativo, Lei n.º 46/86, ou o Estatuto da Carreira Docente, para os professores, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 139-A/90. Estava na escola, quando esta se regia por meia dúzia de diplomas, todos fundamentais, claros e explícitos, que toda a comunidade conhecia e cumpria (…).
Estava na escola, quando a percentagem de professores com menos de 50 anos era muitíssimo superior à dos professores com mais de 50 anos e muito poucos, se algum, com 60 anos. Uma escola enérgica e motivadora para todos. Onde a força, energia e novos saberes eram fazem o que lhes compete: viver em sociedade, de todos para todos. José Amaral, Vila Nova de Gaia Guerra e paz “A Europa não é nada em tempo de guerra”, é uma constatação de Jeffrey Sachs, economista americano (P2 de 16/06/2024). É uma verdade com dois gumes. Por um lado, a Europa foi palco de tantas guerras ao longo dos séculos que agora está a tentar aprender com os erros, promovendo a paz e a estabilidade social. Convicta que este também era o caminho dos seus vizinhos planetários que poderiam seguir os mesmos passos, tem-se esquecido da velha chave “Queres paz? Prepara-te para a guerra”, como mal necessário.
Terá sido a ingenuidade de ambicionar dar o exemplo sem vislumbrar eventuais insurreições de alguns dos seus pretensos discípulos. Para o bem de todas as frentes, ainda estão todos a tempo de aprender com o passado! José M. Carvalho, Chaves apoiados e consolidados com a experiência ganha pelos anos de trabalho. Onde os mais velhos, tinham a energia própria de quem já tem 50 anos, mas onde havia o respeito pela efetiva diminuição da componente letiva com o acréscimo de idade, que permitia manter ritmo, lucidez e capacidade de trabalho. A primeira vez que me senti obrigada a ir para a rua gritar foi em 2008, quando tivemos como ministra M.ª de Lurdes Rodrigues, e começaram os ataques sem precedentes e sem razão à classe docente. Quando se achou neste país, ou quem governava este país, que ser professor não era grande coisa, e não muito diferente de qualquer outro funcionário (…).
Até aí existiam os “corpos especiais” da função pública. E existiam porque existe de facto razão de o serem. Ser professor, médico, enfermeiro, juiz ou elemento das forças de segurança é pertencer a estruturas basilares da sociedade e carecem de estatuto próprio, adequado às suas funções e necessidades (…). Estava na escola, quando se encurtaram quadros, aumentaram o número de alunos por turma, se encheram as horas de componente não letiva com horas de apoio letivo, e se mandou embora milhares de professores contratados com dezenas de anos de serviço e experiência, dizendo que mudassem de carreira ou emigrassem (…).
E, agora, foi ao grupo de professores que trabalham há mais de 40 anos que maltrataram, ofenderam, vilipendiaram, tiraram direitos, sobrecarregaram com horas infindáveis de tarefas administrativas e burocráticas, diminuíram horas de preparação de actividades pedagógicas, decidiram que não mereciam ou precisavam de descanso em interrupções, fins-de-semana e feriados; a quem continuam a não querer contar o tempo de serviço prestado, porque são velhos, que, não conseguindo mais ninguém, contam que trabalhem horas extraordinárias infindáveis, ou que prescindam por mais um par de anos da sua merecida e necessária aposentação, para substituir aqueles que não conseguem atrair… Acreditem que nem paga a peso em ouro, e olhem que seria bem paga, sou grande e pesada!
Cristina Marques Mendes, Portalegre
Direitos e deveres
Todos sabemos, ou deveríamos saber, que o Estado não é uma entidade distante e impessoal. É composto por todos os cidadãos e as instituições em que ambos se organizam. Assim, todos têm direitos e deveres, consoante o seu mister. Portanto, ninguém deve dizer somente “Tenho os meus direitos”, sem pensar ter também deveres a cumprir. E quanto mais fútil e inculta for uma sociedade, mais pensa só ter direitos, e deveres, nenhuns. Vejamos o que aconteceu com as últimas eleições para o Parlamento Europeu: dois terços dos eleitores “borrifaram-se”, para com o dever cívico do voto. Então, só há uma solução: oficializar o voto obrigatório, a fim de terminarem os subterfúgios para aqueles que não fazem o que lhes compete: viver em sociedade, de todos para todos.
José Amaral, Vila Nova de Gaia
Guerra e paz
“A Europa não é nada em tempo de guerra”, é uma constatação de Jeffrey Sachs, economista americano (P2 de 16/06/2024). É uma verdade com dois gumes. Por um lado, a Europa foi palco de tantas guerras ao longo dos séculos que agora está a tentar aprender com os erros, promovendo a paz e a estabilidade social. Convicta que este também era o caminho dos seus vizinhos planetários que poderiam seguir os mesmos passos, tem-se esquecido da velha chave “Queres paz? Prepara-te para a guerra”, como mal necessário. Terá sido a ingenuidade de ambicionar dar o exemplo sem vislumbrar eventuais insurreições de alguns dos seus pretensos discípulos. Para o bem de todas as frentes, ainda estão todos a tempo de aprender com o passado!
José M. Carvalho, Chaves