Às vezes diáfana, outras vezes de uma sensualidade voluntariosa, mas sempre imperscrutável, misteriosa: assim foi Nicole Françoise Dreyfuss, que conhecíamos como Anouk Aimée. O nome veio-lhe de uma personagem que interpretou quando tinha 13 anos; o apelido, diz-se, foi uma oferta de Jacques Prévert. Com isto se tem querido salientar, agora na hora da sua morte, o encontro causal com o cinema, a elegante distância que pareceu sempre manter.
Quando o cinema aconteceu na sua vida, Nicole Françoise já não usava o apelido Dreyfus. Durante a II Guerra deixou-o cair ou escondeu-o, já era Françoise Durand, para assim poder fugir à estrela amarela na lapela.
Nicole, Françoise, Anouk: tinha 92 anos, morreu hoje em sua casa, em Paris. Foi a filha, a também actriz Manuella Papatakis, que publicou no seu Instagram, que é citado pela imprensa francesa: “Temos a enorme tristeza de vos anunciar a partida da minha mamã, Anouk Aimée. Eu estava ao pé dela quando ela se apagou esta manhã, em sua casa, em Paris”.