Como se tem visto nos jogos de preparação, Portugal não é aquela selecção perfeita que ganha a toda a gente, marca muitos golos e sofre poucos. Mas quer ser essa equipa. Para Roberto Martínez, todos os momentos são de aprendizagem e há uma avaliação permanente antes de se tomarem decisões sobre qual será o plano durante o Euro 2024. Também será assim no Portugal-República da Irlanda (19h45, RTP1) desta terça-feira, em Aveiro, o último jogo de preparação antes da estreia em competição, a 18 de Junho, frente à República Checa. Também esse jogo, diz Martínez, servirá para testar algumas situações que Portugal irá encontrar no Europeu, tal como foi sucedeu no embate com a Croácia, que terminou em derrota, por 2-1.
“O jogo contra a Croácia foi fantástico, por exigir muito de nós, no aspecto técnico e táctico. A Croácia joga como um clube, com ligações entre os jogadores muito experientes, melhores na selecção que nos clubes, o que não é normal no futebol internacional. É um adversário com o qual podemos melhorar. Do ponto de vista de preparação, o jogo foi perfeito”, comentou o técnico espanhol sobre o jogo com os croatas, no Jamor, que resultou na sua segunda derrota como seleccionador português — a primeira havia sido frente à Eslovénia.
A verdade é que, nos últimos jogos, Portugal tem sido bastante poroso na defesa, tendo sofrido dois golos em cada um dos seus últimos quatro jogos. Martínez garante que os problemas estão identificados: “O importante é ter intensidade defensiva, ter calma, para ter bons gestos técnicos. Agora é importante olhar para trás e ver os golos sofridos com a Finlândia. Precisamos de melhorar, demos dois remates e sofremos dois golos. Faz parte do processo. Não há uma relação de uma linha defensiva, posição ou jogadores, é um foco de estar com bola, de querer marcar golos. E precisamos de ter um foco defensivo também.”
Portugal estará entre as últimas equipas a entrar em acção no Europeu — os dois jogos do Grupo F encerram a primeira jornada — e é por isso, diz Martínez, que se optou por três jogos de preparação em vez de dois, como acontece com grande parte das selecções. “Acho que para nós era importante estar no Grupo F para ter tempo para jogar três jogos. Precisamos de dar um período para desligar e agora temos três jogadores que podem entrar. O foco é preparar individualmente e depois preparar a equipa. Depois ter adversários diferentes, com conceitos diferentes. Mas para nós é importante, porque durante o Europeu vamos ter adversários com valências como a Irlanda”, reforçou.
Os três jogadores que irão estrear-se nesta preparação são Pepe (que chegou lesionado ao estágio), Cristiano Ronaldo e Rúben Neves (ambos chegaram mais tarde). Todos vão ter minutos frente aos irlandeses, sendo que o seleccionador não revela se serão titulares. Sobre Ronaldo, reiterou o que já tinha dito na anterior conferência de imprensa, que a experiência do avançado será um trunfo para Portugal que nenhuma outra selecção terá.
“É importante para nós atacar e defender com onze. O Cristiano tem uma experiência brutal. Não há outro com esta experiência. É um jogador que sabe muito bem utilizar o espaço na área e é um finalizador especial. O foco e a atenção à perda em posições defensivas foram perfeitas nos jogos que jogámos”, disse Martínez, acrescentando que as capacidades do capitão irão estar em avaliação permanente durante o torneio: “Precisamos de avaliar todos os dias. Todos os jogos são diferentes. O Cristiano teve 51 jogos na época. Não teve problemas, mas acho que os dados a nível de clube não são iguais aos das selecções. Mostrou que pode jogar a cada quatro dias, acho que não há problemas.”
Esta República da Irlanda está longe de ser uma selecção de topo no futebol europeu. Já não participa num Mundial desde 2002 e, no último Europeu em que competiu (em 2016), ficou-se pelos oitavos-de-final. Na qualificação para o Euro 2024, apenas venceu os dois jogos frente a Gibraltar no seu grupo, perdendo os restantes com França, Países Baixos e Grécia. John O’Shea, antigo central do Manchester United, é o interino enquanto não há um substituto permanente para Stephen Kenny.